Por que o Brasil nunca consegue taxar os super-ricos
O que isso revela sobre o poder político e econômico no país
A taxação dos super-ricos é um daqueles temas que o Brasil discute há décadas, mas nunca enfrenta de verdade. Quando aparece no debate público, o discurso muda de tom. A coragem desaparece, os números se confundem e os argumentos de sempre voltam à mesa: “vai afastar o investimento”, “vai causar fuga de capitais”.
Curioso é que esse medo só existe quando o alvo está no topo da pirâmide. Quando o assunto é tributar o consumo ou reduzir programas sociais, o consenso surge rápido. Especialistas aparecem, planilhas são exibidas e a urgência do ajuste fiscal justifica tudo.
A diferença está em quem é afetado. Medidas que atingem a base da sociedade passam sem resistência. Mas qualquer tentativa de equilibrar a balança fiscal é tratada como ameaça à economia.
O argumento da “fuga de capitais” se tornou um escudo político. Serve para proteger quem tem mais influência e, muitas vezes, mais proximidade com o poder. Afinal, boa parte das campanhas eleitorais é sustentada justamente por grandes grupos econômicos, bancos e corporações que nada ganham com mudanças nesse sistema.
Enquanto isso, o trabalhador paga mais impostos sobre o básico — energia, alimento, transporte — e continua assistindo o Estado se sustentar às custas de quem tem menos. Não por falta de alternativas, mas por falta de vontade.
Taxar grandes fortunas não é radicalismo. É uma tentativa de tornar o país mais justo. Mas, em sistema onde o poder político depende do poder econômico, a igualdade segue sendo um discurso bonito e distante.
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